Foi em Nivelles, no Mundial de Kart, em 1980, que Michael Schumacher então com 11 anos, teve o seu primeiro contato com o brasileiro Ayrton Senna. Naquela oportunidade Schumacher, um garotinho que acompanhava às competições atentamente nas arquibancadas, ficou entusiamado com a agressivdade do brasileiro e anos depois disse em depoimento:
"Imediatamente prestei atenção num dos caras, seu traçado e sua tocada precisa. Você podia ver que ele seria verdadeiramente especial, mesmo que não tivesse o melhor equipamento. Eu me lembro que perguntei quem era ele e me disseram que se chamava Ayrton Senna"
Senna depois deste episódio, seguiu sua carreira internacional (e com sucesso diga-se de passagem) e logo galgou um lugar dentre os maiores nomes do automobilismo europeu. Schumacher por sua vez, ainda tinha uma longa estrada à caminhar no Kart, e o encontro em pista, estaria adiado por exatos 11 anos.
Enquanto Senna domina amplamente a F1 no início dos anos 90, eis que surge burburinhos na imprensa especializada à respeito de um alemão (protegido da Mercedes no Mundial de Protótipos), que apresentava dentre suas maiores qualidades o arrojo e a audácia. A estréia deste garoto era apenas uma questão de tempo, e ela se deu em 1991 no GP da Bélgica e de uma forma inusitada. O então titular da Jordan, o belga Bertrand Gachot, às vésperas de disputar o GP em sua terra natal, recebera uma notícia que estava na iminência de ser preso, tudo por que se envolvera em uma ridícula briga de rua com um taxista londrino chamado Eric Court. Mais cedo naquele ano, Gachot havia se envolvido numa batida de trânsito com Court durante um intervalo entre as corridas. Os dois discutiram e o taxista partiu para cima do belga. Gachot, sem hesitar, sacou do bolso uma lata de gás de pimenta e deixou momentaneamente cego seu opositor. O belga não sabia, porém, que o gás era proibido na Inglaterra. Achou que não seria preso - afinal, ninguém faria isso com um piloto de Fórmula 1.
Mas as autoridades de Londres foram irredutíveis e sentenciaram Gachot a passar 60 dias vendo o sol nascer quadrado. O resultado do julgamento só saiu alguns meses depois da briga propriamente dita e pegou o belga de surpresa. Os conterrâneos Thierry Boutsen e Eric van de Poele lideraram uma manifestação em frente ao consulado britânico em Bruxelas para libertar o compatriota. Fãs de Gachot foram ao circuito de Spa com camisetas onde se lia "libertem-no!", mas de nada adiantou.Mal sabiam, quem estava na iminência de pilotar um carro de F1, pela primeira vez na vida.
Para espanto da comunidade da Fórmula 1, Gachot foi condenado a cumprir os dois meses na prisão e inevitavelmente perdeu seu lugar na equipe Jordan. O chefe de equipe Eddie Jordan precisou correr atrás de um piloto para substituir o infeliz belga e parecia não ter opções boas. Percebendo a oportunidade, um astuto empresário chamado Willi Weber ofereceu os serviços de um jovem alemão. Seu nome era Michael Schumacher.
Mas as autoridades de Londres foram irredutíveis e sentenciaram Gachot a passar 60 dias vendo o sol nascer quadrado. O resultado do julgamento só saiu alguns meses depois da briga propriamente dita e pegou o belga de surpresa. Os conterrâneos Thierry Boutsen e Eric van de Poele lideraram uma manifestação em frente ao consulado britânico em Bruxelas para libertar o compatriota. Fãs de Gachot foram ao circuito de Spa com camisetas onde se lia "libertem-no!", mas de nada adiantou.Mal sabiam, quem estava na iminência de pilotar um carro de F1, pela primeira vez na vida.
Para espanto da comunidade da Fórmula 1, Gachot foi condenado a cumprir os dois meses na prisão e inevitavelmente perdeu seu lugar na equipe Jordan. O chefe de equipe Eddie Jordan precisou correr atrás de um piloto para substituir o infeliz belga e parecia não ter opções boas. Percebendo a oportunidade, um astuto empresário chamado Willi Weber ofereceu os serviços de um jovem alemão. Seu nome era Michael Schumacher.
Em sua estréia, o alemão deixou todos atônitos com um espetacular desempenho nos treinos. Logo de cara, mostrou ser mais rápido do que o experiente companheiro Andrea de Cesaris e arrumou um ótimo sétimo lugar no grid, três posições à frente do italiano. Na corrida, quebrou já na primeira volta por causa de um problema de embreagem, mas já havia deixado seu cartão de visitas. Na cabine de transmissão da Rede Globo, uma frase profética do narrador:
"Vai abandonando Michael Schumacher... mas concerteza veio para ficar".
O primeiro encontro de Senna com o piloto que foi seu último rival aconteceu, também, no GP da Itália. Michael Schumacher já chamara a atenção de todos, dentro e fora da pista, em sua estréia, na corrida anterior. Dentro, por estrear na Fórmula 1 com um brilhante sétimo lugar no grid de largada, pilotando uma Jordan. Fora, por fazer duas vítimas brasileiras: Roberto Moreno, que foi tirado sem a menor cerimônia da Benetton por Flavio Briatore para dar lugar a Michael já em Monza, e Nelson Piquet, que começou a deixar de ser interessante para a mesma Benetton, à medida que o alemão desse a todos uma idéia do tamanho do lugar que ele conquistaria para si na história da Fórmula 1.
No jantar da sexta-feira que antecedeu a corrida, muitos já sabiam, em detalhes, como tinha sido a rasteira dada em Roberto Moreno. Para evitar uma guerra de liminares entre Eddie Jordan e Flavio Briatore, Bernie Ecclestone, sempre ele, se reuniu num hotel com Moreno e ofereceu 500 mil dólares para que ele aceitasse rescindir seu contrato com a Benetton e fosse para o lugar de Schumacher na Jordan.
Ayrton estava acompanhado de Cristine Ferracciu no jantar. Doze anos depois, ela lembrou que a aproximação de Schumacher foi quase uma reverência:
- Ayrton, um dia eu quero ser igual a você.
Senna, na lembrança de Cristine, devolveu o gesto de reverência e recomendou:
- Treina bastante. Vale a pena.
Cristine afirmou que, quando Schumacher se afastou, Ayrton, "mais desconfiado do que nunca", demonstrou ceticismo em relação à sinceridade de Michael. Entretanto ficaria claro, que Schumacher resolveria seguir os conselhos de Senna, ele treinaria e concerteza valeria muito a pena.
Ao final daquela temporada, Ayrton se tornara tricampeão e já acarretava uma série de recordes pessoais, na imprensa especializada, muitos já galgavam o nome de Senna dentre os maiores, senão o maior, piloto de todos os tempos. Enquanto isso Schumacher começava sua carreira, já com um desempenho muito bom, em se tratando de um estreante, segundo seu mentor na Mercedes, Jochen Mass, Michael, sempre teve como sua inspiração Ayrton Senna:
"É engraçado afirmar isso; mesmo apesar de os dois terem tido em pouco mais de duas temporadas, algumas desavenças, eu sempre vi Michael tendo bastante respeito e admiração por Senna. Lembro-me bem que Wili Webber (empresário de Schumacher), me disse certa vez, que o jovem alemão tinha um programa de preparação física baseado no mesmo sistema em que Senna se preparava. Além disso, Michael durante sua juventude colecionava pôsteres de Ayrton e não perdia nenhuma corrida de F1 pela televisão."
Em entrevista à Autosport (revista especializada da Inglaterra), o jovem alemão de apenas 22 anos, revelou boa parte de suas expectativas em relação ao mundo da F1:
"É impressionante você algum dia de sua carreira chegar à F1, mas mais impressionante ainda é você poder olhar do seu lado e ver lendas vivas como Ayrton Senna, Alain Prost, Nigel Mansell e Nelson Piquet. Pretendo estar sempre evoluindo e buscar o meu melhor rendimento, para que quem saiba um dia, eu possa chegar aonde eles chegaram. Hoje a minha referência é o Ayrton, simplesmente é incrível a dedicação dele com a F1, ele pensa em cada detalhe, e quando cai na pista, sabemos que todos àqueles detalhes é o que separa ele da grande maioria de pilotos."
Todos já tinham visto o suficiente, depois das cinco primeiras provas da temporada de 92: era uma questão de tempo a eclosão da primeira crise entre Senna e Schumacher, dentro e fora da pista. Ayrton, por tudo que vinha fazendo desde 1984. E Michael, pelo que todos no paddock já tinham certeza que ele faria nos anos que viriam.
Ao final daquela temporada, Ayrton se tornara tricampeão e já acarretava uma série de recordes pessoais, na imprensa especializada, muitos já galgavam o nome de Senna dentre os maiores, senão o maior, piloto de todos os tempos. Enquanto isso Schumacher começava sua carreira, já com um desempenho muito bom, em se tratando de um estreante, segundo seu mentor na Mercedes, Jochen Mass, Michael, sempre teve como sua inspiração Ayrton Senna:
"É engraçado afirmar isso; mesmo apesar de os dois terem tido em pouco mais de duas temporadas, algumas desavenças, eu sempre vi Michael tendo bastante respeito e admiração por Senna. Lembro-me bem que Wili Webber (empresário de Schumacher), me disse certa vez, que o jovem alemão tinha um programa de preparação física baseado no mesmo sistema em que Senna se preparava. Além disso, Michael durante sua juventude colecionava pôsteres de Ayrton e não perdia nenhuma corrida de F1 pela televisão."
Em entrevista à Autosport (revista especializada da Inglaterra), o jovem alemão de apenas 22 anos, revelou boa parte de suas expectativas em relação ao mundo da F1:
"É impressionante você algum dia de sua carreira chegar à F1, mas mais impressionante ainda é você poder olhar do seu lado e ver lendas vivas como Ayrton Senna, Alain Prost, Nigel Mansell e Nelson Piquet. Pretendo estar sempre evoluindo e buscar o meu melhor rendimento, para que quem saiba um dia, eu possa chegar aonde eles chegaram. Hoje a minha referência é o Ayrton, simplesmente é incrível a dedicação dele com a F1, ele pensa em cada detalhe, e quando cai na pista, sabemos que todos àqueles detalhes é o que separa ele da grande maioria de pilotos."
Todos já tinham visto o suficiente, depois das cinco primeiras provas da temporada de 92: era uma questão de tempo a eclosão da primeira crise entre Senna e Schumacher, dentro e fora da pista. Ayrton, por tudo que vinha fazendo desde 1984. E Michael, pelo que todos no paddock já tinham certeza que ele faria nos anos que viriam.
Nigel Mansell, pelo estilo e o currículo, certamente complicaria a situação, se corresse por perto de Ayrton e Michael, mas, salvo no GP do Canadá, quando saiu da pista ao tentar tomar a ponta de Senna em uma manobra desastrada, ficou longe da encrenca. Lá na frente. E abrindo.
Nos treinos para a corrida que se seguiu ao Canadá, o GP da França, dia 5 de julho, em Magny-Cours, nada que Brundle, Senna, Schumacher, Berger e os projetistas da McLaren e Benetton fizessem, ainda que em sistema de condomínio, impediu que Nigel Mansell fosse três segundos mais rápido. Na corrida, outra dobradinha de Mansell e Patrese, desta vez garantida pela ordem, cumprida com desgosto por Riccardo, de ceder a liderança a Nigel.
Atrás dos pilotos da Williams, um pouco mais de pólvora para a guerra que todos já esperavam: Schumacher tentou ultrapassar Senna, que, previsivelmente, não facilitou. Os dois se tocaram e rodaram. Ayrton foi até o boxe da Benetton e, dedo em riste, não só reclamou como aproveitou para responder às queixas que Schumacher fizera para Ron Dennis e alguns jornalistas no GP do Brasil daquele ano.
"Você fez uma grande besteira, me jogou para fora da pista e, em vez de falar com seu chefe ou com os jornalistas, estou vindo falar com você agora".
Para quem não entendeu o recado, Senna explicou:
"Ele me acusou de atrapalhá-lo no Brasil, mas meu motor estava cortando, não era intencional. Se tivesse conversado comigo, eu diria".
Em Silverstone, dia 12 de julho, em outro passeio de Mansell, Ayrton, em vez de enfrentar Schumacher, travou um duelo antológico de 52 voltas, este sem reclamações das partes, com Martin Brundle, pelo terceiro lugar. Até ter a transmissão quebrada e cair para a 18ªª posição.
O caldo da rivalidade entre Senna e Schumacher entornou de vez nos treinos para o GP da Alemanha, em Hockenheim. E, diferentemente do adversário frio, cerebral e cuidadoso que enfrentara em Prost, Ayrton encontrou à sua frente, no final da reta que dava acesso ao trecho sinuoso do estádio, um rival ousado e agressivo como ele, disposto a aplicar-lhe, a mais de 300 por hora, um brake test. O resultado: furioso, Senna passou quase uma volta tocando rodas com Schumacher. E, em boa parte do tempo, a cerca de 300 por hora.
Ayrton nem esperou o carro parar, na volta aos boxes. Revoltado, tirou o capacete e caminhou firme em direção à Benetton. Alcançou Schumacher no fundo da garagem. Depois de empurrar e sacudir o alemão pelos ombros, gritou:
"Da próxima vez vai ser a última!"
Jo Ramirez fez parte da brigada de resgate da McLaren que afastou Senna do agravamento da situação, enquanto um grupo da Benetton se encarregou de arrastar Schumacher para uma providencial entrevista à TV alemã. Mas Senna esperou Michael voltar da entrevista e, com a intermediação de Flavio Briatore, conversou com ele. Por trás do brake test, ainda o incidente do GP do Brasil. Senna explicou que não estava atrapalhando Schumacher intencionalmente. E ofereceu até os registros da telemetria da Honda como prova de que o motor, em Interlagos, estava mesmo sofrendo cortes.
No final daquele dia, era inevitável associar as entrevistas dos envolvidos às dos tempos de Ayrton na Lotus-Renault. Desta vez, era o veterano Senna que falava de um novato brilhante:
"Schumacher tem talento, está no início da carreira e sob grande pressão, mas tem que saber logo como são as coisas. Alguém pode se machucar".
No Brasil, no dia seguinte, as manchetes também se pareciam muito com as da imprensa européia nos tempos da Lotus preta de Senna. Com o título "Alemão faz do carro uma arma", a edição do Estado de S. Paulo de 7 de julho de 92 reclamou:
"O alemão Michael Schumacher, da equipe Benetton, está se tornando um piloto sem limites. Envolveu-se em inúmeros acidentes, quase todos por culpa sua. O mais grave, porém, acontece quando Schumacher parece não enxergar quem vai à sua frente e tenta ultrapassagens impossíveis".
Eram as voltas, no caso, muito rápidas, que o mundo dava.
A temporada da discórdia se foi, e iniciou o ano de 1993, com o Schumacher mostrando um amadurecimento muito grande, embora ainda apresentasse alguns erros pela sua imaturidade, o fato é que o alemão cresceu muito no decorrer dessa temporada e continou a subir constantemente ao pódio. Entretanto a maturidade, experiência e talento de Ayrton Senna, continuou a falar mais alto, e Senna venceu o duelo específico com Michael. Nesse ano, a Mclaren e a Benneton, disputavam publicamente uma versão mais atualizada do motor Ford Cosworth, muito embora a Mclaren tenha ficado preterida nessa questão ( com um motor de aproximadamente 80 Cv à menos se em comparação a Benneton), o que se viu fora um Senna brilhante e muito técnico durante toda a temporada de 1993.
O episódio mais marcante da temporada no entanto envolvendo Senna e Schumacher, se deu no templo do Automobilismo (Silverstone) e contou com a participação de um grande personagem. O dia 11 de Julho, nos cedeu, o encontro de três dos maiores pilotos de todos os tempos, e em disputa por posições: Senna, Schumacher e Alain Prost. Alain Prost, com um carro visivelmente superior, tenta atacar Senna de todas as formas, e esse lhe fecha todas as oportunidades possíveis e impossíveis. Atrás, lá vem o alemão Michael Schumacher, que atento à história de Senna & Prost, esperava que os dois se estranhassem e a corrida caísse sobre seu colo. Entretanto, em uma situação quase que insustentável, o francês ultrapassa Senna e este por sua vez é atacado novamente, agora por Michael. Um show de defesas, de Senna, entretanto a ultrapassagem era iminente, visto que o motor de Schumacher costumava falar mais alto principalmente nas retas. No paddock e na cabine da Benneton, Briatori deixa escapar uma frase digna de seu temperamento explosivo e nem sempre polido:
"Mas que cara f..., esse Senna."
Quando Schumacher finalmente ultrapassa Senna, Briatori não se contém e soca no ar, como se fosse uma vitória. Na verdade esse era o sentimento de muitos, inclusive dos pilotos, ao ultrapassar um piloto do nível de Senna, que sempre fora reconhecido por não entregar fácil as posições e que naqueles dois anos especificamente (92,93), tinha se tornado um piloto ainda mais "durão".
O mundo ainda estava perplexo diante da atuação dos três grandes pilotos em Silverstone, quando Jackie Stewart disse em entrevista à Murray Walker:
"Acompanhar àquele momento, foi como ouvir um hino à pilotagem. Dois gênios e um prodígio, em situações de extremo risco e extremo talento. Guardarei para sempre essa lembrança comigo."
O ano de 1993 se encerra, com Senna vencendo as duas últimas corridas e deixando claro à todos de quem era o grande piloto da categoria. No ano seguinte, haveria então o encontro do melhor carro e do melhor piloto, e Senna com a aposentadoria de Prost, era considerado como o grande favorito da temporada. Entretanto as mudanças no regulamento, propostas pela FIA, tornaram o carro de Senna aquilo que ele mesmo confessou à amigos íntimos, como o Braguinha:
"Braga, o carro é uma verdadeira porcaria. Muito irregular, mergulha muito nas curvas e não tem consistência. Mas eu vou deixar os caras loucos (engenheiros da Williams) e o carro vai crescer durante a temporada, mas acho que o carro do alemão, está fora do regulamento e isso me preocupa."
Realmente Senna, estava correto, meses depois a FIA investigou a Benneton e descobriu que a mesma apresentava o TC (controle de tração) elemento proibido pelo regulamento e uma mangueira de reabestecimento, cujo bocal apresentava largura excedente à norma. O fato é que nas três corridas iniciais daquele ano, fica incorreto fazer qualquer prévia, pois Ayrton mesmo com um carro muito irregular, sagrou-se pole position em todas as corridas. No GP do Brasil, teve um erro ao tentar se aproximar de Michael e no Pacífico foi alboroado por Mika Hakkinen. Na fatídica corrida de Ímola, ele fora vitíma de um erro de projeto de Patrick Head e da equipe de engenharia da Williams.
O que fica de certo é que com a morte de Senna, o mundo pode ter perdido aquele que tinha tudo para ser o maior espetáculo da F1 na história. Schumacher desde então dominou a F1, e se tornou, ao menos em quesitos estatísticos, o maior piloto de todos os tempos, muito embora seja contestado pela longevidade em sua carreira. Schumacher em suas entrevistas (principalmente após a morte de Senna) continuou demonstrando um profundo respeito e admiração pelo tricampeão, tanto que nas corridas disputadas no Brasil ele sempre fazia questão de visitar o túmulo do brasileiro. Willi Weber, disse em entrevista à um jornal alemão (Bild), o impacto da morte de Senna na vida de Schumacher:
"Schumacher teve que amadurecer dez anos, em dez meses. De caçador, ele passou a ser caça. Tudo isso foi o impacto da morte de Senna na carreira dele. Lembro-me que ele passou exatos dois meses em estado de choque pelo acidente e sempre que encontrava-se comigo, dizia-me sobre a vontade de parar de correr. Senna era mais do que um adversário, era um ídolo para Schumacher, e talvez por isso, ele tenha sentido tanto a morte dele."
*Agradecimento: Agradeço ao pesquisador Adriano Henrique pelo prestimoso apoio no recolhimento de fotos para a construção desse arquivo.
O caldo da rivalidade entre Senna e Schumacher entornou de vez nos treinos para o GP da Alemanha, em Hockenheim. E, diferentemente do adversário frio, cerebral e cuidadoso que enfrentara em Prost, Ayrton encontrou à sua frente, no final da reta que dava acesso ao trecho sinuoso do estádio, um rival ousado e agressivo como ele, disposto a aplicar-lhe, a mais de 300 por hora, um brake test. O resultado: furioso, Senna passou quase uma volta tocando rodas com Schumacher. E, em boa parte do tempo, a cerca de 300 por hora.
Ayrton nem esperou o carro parar, na volta aos boxes. Revoltado, tirou o capacete e caminhou firme em direção à Benetton. Alcançou Schumacher no fundo da garagem. Depois de empurrar e sacudir o alemão pelos ombros, gritou:
"Da próxima vez vai ser a última!"
Jo Ramirez fez parte da brigada de resgate da McLaren que afastou Senna do agravamento da situação, enquanto um grupo da Benetton se encarregou de arrastar Schumacher para uma providencial entrevista à TV alemã. Mas Senna esperou Michael voltar da entrevista e, com a intermediação de Flavio Briatore, conversou com ele. Por trás do brake test, ainda o incidente do GP do Brasil. Senna explicou que não estava atrapalhando Schumacher intencionalmente. E ofereceu até os registros da telemetria da Honda como prova de que o motor, em Interlagos, estava mesmo sofrendo cortes.
No final daquele dia, era inevitável associar as entrevistas dos envolvidos às dos tempos de Ayrton na Lotus-Renault. Desta vez, era o veterano Senna que falava de um novato brilhante:
"Schumacher tem talento, está no início da carreira e sob grande pressão, mas tem que saber logo como são as coisas. Alguém pode se machucar".
No Brasil, no dia seguinte, as manchetes também se pareciam muito com as da imprensa européia nos tempos da Lotus preta de Senna. Com o título "Alemão faz do carro uma arma", a edição do Estado de S. Paulo de 7 de julho de 92 reclamou:
"O alemão Michael Schumacher, da equipe Benetton, está se tornando um piloto sem limites. Envolveu-se em inúmeros acidentes, quase todos por culpa sua. O mais grave, porém, acontece quando Schumacher parece não enxergar quem vai à sua frente e tenta ultrapassagens impossíveis".
Eram as voltas, no caso, muito rápidas, que o mundo dava.
A temporada da discórdia se foi, e iniciou o ano de 1993, com o Schumacher mostrando um amadurecimento muito grande, embora ainda apresentasse alguns erros pela sua imaturidade, o fato é que o alemão cresceu muito no decorrer dessa temporada e continou a subir constantemente ao pódio. Entretanto a maturidade, experiência e talento de Ayrton Senna, continuou a falar mais alto, e Senna venceu o duelo específico com Michael. Nesse ano, a Mclaren e a Benneton, disputavam publicamente uma versão mais atualizada do motor Ford Cosworth, muito embora a Mclaren tenha ficado preterida nessa questão ( com um motor de aproximadamente 80 Cv à menos se em comparação a Benneton), o que se viu fora um Senna brilhante e muito técnico durante toda a temporada de 1993.
O episódio mais marcante da temporada no entanto envolvendo Senna e Schumacher, se deu no templo do Automobilismo (Silverstone) e contou com a participação de um grande personagem. O dia 11 de Julho, nos cedeu, o encontro de três dos maiores pilotos de todos os tempos, e em disputa por posições: Senna, Schumacher e Alain Prost. Alain Prost, com um carro visivelmente superior, tenta atacar Senna de todas as formas, e esse lhe fecha todas as oportunidades possíveis e impossíveis. Atrás, lá vem o alemão Michael Schumacher, que atento à história de Senna & Prost, esperava que os dois se estranhassem e a corrida caísse sobre seu colo. Entretanto, em uma situação quase que insustentável, o francês ultrapassa Senna e este por sua vez é atacado novamente, agora por Michael. Um show de defesas, de Senna, entretanto a ultrapassagem era iminente, visto que o motor de Schumacher costumava falar mais alto principalmente nas retas. No paddock e na cabine da Benneton, Briatori deixa escapar uma frase digna de seu temperamento explosivo e nem sempre polido:
"Mas que cara f..., esse Senna."
Quando Schumacher finalmente ultrapassa Senna, Briatori não se contém e soca no ar, como se fosse uma vitória. Na verdade esse era o sentimento de muitos, inclusive dos pilotos, ao ultrapassar um piloto do nível de Senna, que sempre fora reconhecido por não entregar fácil as posições e que naqueles dois anos especificamente (92,93), tinha se tornado um piloto ainda mais "durão".
O mundo ainda estava perplexo diante da atuação dos três grandes pilotos em Silverstone, quando Jackie Stewart disse em entrevista à Murray Walker:
"Acompanhar àquele momento, foi como ouvir um hino à pilotagem. Dois gênios e um prodígio, em situações de extremo risco e extremo talento. Guardarei para sempre essa lembrança comigo."
O ano de 1993 se encerra, com Senna vencendo as duas últimas corridas e deixando claro à todos de quem era o grande piloto da categoria. No ano seguinte, haveria então o encontro do melhor carro e do melhor piloto, e Senna com a aposentadoria de Prost, era considerado como o grande favorito da temporada. Entretanto as mudanças no regulamento, propostas pela FIA, tornaram o carro de Senna aquilo que ele mesmo confessou à amigos íntimos, como o Braguinha:
"Braga, o carro é uma verdadeira porcaria. Muito irregular, mergulha muito nas curvas e não tem consistência. Mas eu vou deixar os caras loucos (engenheiros da Williams) e o carro vai crescer durante a temporada, mas acho que o carro do alemão, está fora do regulamento e isso me preocupa."
Realmente Senna, estava correto, meses depois a FIA investigou a Benneton e descobriu que a mesma apresentava o TC (controle de tração) elemento proibido pelo regulamento e uma mangueira de reabestecimento, cujo bocal apresentava largura excedente à norma. O fato é que nas três corridas iniciais daquele ano, fica incorreto fazer qualquer prévia, pois Ayrton mesmo com um carro muito irregular, sagrou-se pole position em todas as corridas. No GP do Brasil, teve um erro ao tentar se aproximar de Michael e no Pacífico foi alboroado por Mika Hakkinen. Na fatídica corrida de Ímola, ele fora vitíma de um erro de projeto de Patrick Head e da equipe de engenharia da Williams.
O que fica de certo é que com a morte de Senna, o mundo pode ter perdido aquele que tinha tudo para ser o maior espetáculo da F1 na história. Schumacher desde então dominou a F1, e se tornou, ao menos em quesitos estatísticos, o maior piloto de todos os tempos, muito embora seja contestado pela longevidade em sua carreira. Schumacher em suas entrevistas (principalmente após a morte de Senna) continuou demonstrando um profundo respeito e admiração pelo tricampeão, tanto que nas corridas disputadas no Brasil ele sempre fazia questão de visitar o túmulo do brasileiro. Willi Weber, disse em entrevista à um jornal alemão (Bild), o impacto da morte de Senna na vida de Schumacher:
"Schumacher teve que amadurecer dez anos, em dez meses. De caçador, ele passou a ser caça. Tudo isso foi o impacto da morte de Senna na carreira dele. Lembro-me que ele passou exatos dois meses em estado de choque pelo acidente e sempre que encontrava-se comigo, dizia-me sobre a vontade de parar de correr. Senna era mais do que um adversário, era um ídolo para Schumacher, e talvez por isso, ele tenha sentido tanto a morte dele."
*Agradecimento: Agradeço ao pesquisador Adriano Henrique pelo prestimoso apoio no recolhimento de fotos para a construção desse arquivo.
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